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Domingo, Março 9, 2025

SMS: festa de 9 de Março lembra relação de Martins Sarmento com Camilo Castelo Branco

Economia

A festa do 9 de Março, leva alunos das escolas do concelho, amanhã (Domingo), à Sociedade Martins Sarmento numa entrega de prémios que durará o dia inteiro. Ao mesmo tempo, a instituição evoca como ‘Guimarães e Francisco Martins Sarmento vivem na obra literária de Camilo Castelo Branco’.

“Com o erudito vimaranense, o escritor de Seide manteve, durante vários anos, uma relação de profunda amizade, assim como de comunhão e partilha intelectual. Camilo, para além de várias referências que na sua obra fez a Martins Sarmento, também dedica ao arqueólogo vimaranense os livros ‘O regicida’ e ‘No Bom Jesus do Monte’. O espírito benemérito de ambos, evidencia-se no contributo que dedicaram na obra ‘Óbolo às crianças’. Vários textos camilianos, como ‘A viúva do enforcado’, ‘Memórias do Cárcere’, ‘No Bom Jesus do Monte’, ‘A filha do regicida’ e ‘A brasileira de Prazins’, entre outras obras, são povoados por paisagens e personagens vimaranenses, reais ou ficcionadas” escreve o professor Fernando Ribeiro, num comunicado em que relembra a data que amanhã se comemora.

A Sociedade Martins Sarmento assinala a efeméride camiliana, nos 200 anos que passam sobre o nascimento do escritor da Casa de Seide, apresentando a exposição ‘Guimarães e Francisco Martins Sarmento, na tintura científica e literária de Camilo Castelo Branco’. O momento expositivo revisita a obra de Camilo, especialmente o trabalho literário com referências ao território vimaranense, e a relação de amizade entre o escritor e Francisco Martins Sarmento.

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Camilo Castelo Branco nasceu no dia 16 de Março de 1825, em Lisboa. Foi um literato extraordinariamente versátil, tendo sido com a criativa “pena” de homem de letras, jornalista, poeta, romancista, dramaturgo, biógrafo, bibliógrafo, polemista, crítico, cronista e investigador histórico. Fez ainda traduções, revisões e anotações de trabalhos de outros autores, organizou edições várias, entre outros textos. Foi um polígrafo singular. Em 1885 foi agraciado, pelo Rei D. Luís, com o título de Visconde de Correia Botelho.

Considerado por muitos como um dos mais destacados génios da literatura portuguesa, o escritor da Casa de Seide, como assinalou o Conde de Sabugosa (1925), “deu à fala lusa duas notas que o patriciado dos clássicos desconhecera – O Riso e as Lágrimas (…) com lunetas feitas de ironia os seus olhos observaram incisivamente os ridículos que o rodeavam (…) a sua alma doente ensinou-lhe o segredo de expressar a Dor. Riu e chorou! Foi humano! Foi genialmente humano. Entre a zombaria e a amargura Camilo abria por vezes parêntesis de afável sociabilidade que faziam as delícias dos seus íntimos”.

Os escritos que Camilo Castelo Branco deixou publicados, evidenciam a sua grande capacidade de observação da sociedade em que viveu, permitindo-nos através deles estabelecer um retrato do ambiente social, cultural, político e económico de Portugal no sécúlo XIX. Proporcionam um meio que permite sobre a condição do ser humano e os costumes da época.

Por entre as “onze dúzias de livros” de Camilo Castelo Branco, como observa Alberto Vieira Braga (1925), o escritor “pintou a natureza toda, inteira, nas sensações, nas gamas, nos segredos, perscrutou das paixões e foi traçando a largas manchas os encantos da terra, os venenos da vida e as corrupções da alma, dando esbelteza ao sorrir das flores, maviosidade ao gorjeio das aves, doçura ao canto das mulheres e imprimiu ritmo de graça ao jeito dos braços que se quebram nas danças de folga, e deu balanço de harmonia ao jeito do corpo que se consome no lidairar do trabalho, pôs a alma na grandeza da esmola, no amparo do faminto, no frio da desgraça e cobriu de beijos os filhos tenros das mulheres perdidas; sorriu a pobres, cariciosamente, amparou misérias, com ternura, sacudiu palhaços, agitou carcaças, arremeteu contra fantasmas, jogou o pim-pam-pum, fez dançar muitos robertos como que em cacifos de feira, cascalhou de ironia, atenazou corações, salvou almas, matou muita gente e perdeu muita mulher!… Soube rir e soube chorar; soube sofrer e penar como mártir, e soube lutar e morrer como homem, filho do desalento e da desgraça!”.

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