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Terça-feira, Abril 1, 2025

Mário Centeno: “Fizemos em 10 o que não conseguimos em 900 anos, desde 2014”

Economia

O Governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, foi prático, didáctico, esclarecedor na sua aula para alunos que têm a Economia no seu percurso escolar, hoje, na Escola Secundária Francisco de Holanda.

Foi claro nos conceitos, deixou pistas e noções básicas que os podem ajudar a compreender um outro lado de como funciona, se regula ou se usam mecanismos para decisões tomadas no dia-a-dia, pelas instituições do sector económico.

Abordando de forma simples, conceitos que ouvimos diariamente, o Governador sentiu algum entusiasmo para explicar a política monetária e o seu objectivo, considerar os preços como uma variável importante na economia, dando exemplos, evidenciando a sua vertente de professor.

Explicou até como a economia pode parar, como 2% – se tornou o mítico número da inflacção – e abaixo do qual tudo se pode complicar. E como o emprego e salários ajudam a fixar taxas de juro e a mantê-las num nível de equilíbrio.

Falou de “rácio de sacrifício” nos aumentos da taxa de juro, conceito, porventura, novo para a maioria dos alunos. Curioso foi o modo escolhido para “o tivemos sorte” – algo que só existe se nos “prepararmos” e juntarmos à “oportunidade”, em contextos de desenvolvimento económico que têm acontecido em Portugal nos últimos 10 anos, com a economia a crescer acima da média europeia.

Considerou a educação e a escolaridade importantes, factor que não deixa os jovens “entrar cedo no mercado de trabalho”, incentivando os jovens a aproveitarem, com ambição, o seu tempo estudantil.

Deu conta, de como o emprego cresceu – hoje o universo de empregados é de mais de um milhão – e como a massa salarial, no país, duplicou.

Utilizou os 900 anos de Portugal e como o país se reconstruiu a partir de Guimarães para lembrar, desde 2014 os salários pagos – de 30 mil milhões – dobraram em 10 anos, ironizando que “fizemos em 10 o que não conseguimos em 900 anos”.

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“Mas ainda faltam mais 25 a 30 anos completarmos este ciclo de crescimento” – justificou.

A “paciência” é uma variável muito importante. E na economia “ganha quem é mais paciente” – defendeu Mário Centeno

“O Banco de Portugal tem orgulho na evolução da economia portuguesa.”

Sempre institucional, pela posição que ocupa, o Governador,  sustentou que “o Banco de Portugal tem orgulho na evolução da economia portuguesa”, respondendo depois a questões colocadas por diversos alunos.

Maria quis saber mais sobre a poupança feita pelos cidadãos através dos certificados de aforro. E aconselhou atenção porque esta forma de poupança “tem de ser competitiva no mercado”, com a “confiança” a tornar-se na base do funcionamento do sistema financeiro.

Já o Tiago quis saber como se deve intervir no mercado das cripto-moedas, preferindo Centeno classificá-las como “cripto-activos”, por não preservarem, nem o valor nem a qualidade de moeda – que não o são. Explicou que a regulação deste activo está para breve, necessária até para garantir a sua sustentabilidade.

Também as taxas de juro, fixadas pelo Banco Central Europeu, levaram Hugo a interrogar: “vão continuar a descer?”

“A economia europeia não cresce por falta de investimento.”

Justificando que a variação das taxas de juro, depende de dados, Mário Centeno deu nota da convergência positiva da França (0,9) e Espanha (desceu para 2,3) para o tal mítico 2% da taxa de inflação. Mas acentuou que “a economia europeia não cresce por falta de investimento”.

Considerou os preços, o desemprego (em bom nível, no país) como importantes no equilíbrio que as taxas de juro terão de manter para suportar a economia saudável.

Sossegou, no entanto, o Tiago de que “o maior risco não está nas taxas de juro” mas sim nas “incertezas”, vindas da América e de a taxa de inflação poder descer abaixo de 2%.

Rui haveria de falar das políticas de Trump e mormente das tarifas. Mário Centeno considerou-as “pouco ortodoxas” e diferentes das que se verificaram nos últimos 40 anos. E são contrárias ao crescimento dos Estados Unidos e de outros países.

Centeno, também, considerou as tarifas “um imposto” e “inadequado” com incidência na cadeia de produção, pois, há bens e serviços que atravessam fronteiras.

“Vamos ter um mercado de trabalho mais pequeno, uma produção mais pequena.”

Neste contexto, revelou que “há uma certeza: a economia vai ficar mais pequena”. Justificou ainda os efeitos negativos da imposição de quotas à emigração. “Vamos ter um mercado de trabalho mais pequeno, uma produção mais pequena e a economia vai ficar mais pequena” – acentuou.

Lembrando o que disse o último “Nobel” da economia, sobre “as situações gravosas” que vão mexer no mundo económico, Centeno disse que o não respeito pelas instituições e pelos seus organismos, levarão o poder autocrático, sem justiça, e tudo isto fará com que “os países não tenham as mesmas estratégias de crescimento”.

A questão de Sofia sobre a taxa de inflação e a construção do Índice de Preços no Consumidor (IPC) e o IHPC (a nível europeu), evidenciam que “há uma taxa alta no preços dos serviços em Portugal, sobretudo no Turismo e Restauração que pode ser prejudicial ao país”, porque os preços correntes estão acima dos praticados na Europa.

Por fim, o Governador do Banco de Portugal, evitou responder a Luana quando esta lhe perguntou se a CGD – enquanto banco público, não deveria estar mais próxima dos portugueses. “É nestes momentos em que as perguntas já deviam ter acabado” – disse com um sorriso.

Mas elogiou o desempenho da CGD – o banco que melhor se comportou nos testes de stress europeu – e que, “hoje, o que nos impede de crescer já não é a fragilidade do sistema bancário” – concluiu.

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