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Sexta-feira, Fevereiro 28, 2025

UMinho: criado programa de lançadores de propulsão híbrida

Economia

A Universidade do Minho criou o programa de lançadores sub-orbitais NORTH, com a parceria da Força Aérea Portuguesa e da empresa aero-espacial Omnidea. Trata-se de “uma plataforma para desenvolver e testar sistemas que sobem até 100km de altitude nas fronteiras da atmosfera terrestre. O projecto espera lançar novas soluções científico-tecnológicas, formar engenheiros altamente qualificados e reforçar a investigação e a economia nacional na área” – revela uma nota da UMinho.

Este programa inovador vai decorrer na Escola de Engenharia, em especial no edifício destinado à engenharia aero-espacial na Fábrica do Arquinho, em Guimarães, com apoio do Município, e ainda na pista de aviação do Alto Minho – Cerval, em Vila Nova de Cerveira e Valença, com a instalação do centro de testes e lançamento. Esta iniciativa tem o lema ‘NORTH – a direcção para onde normalmente aponta a agulha da bússola’, aludindo ao papel do Norte de Portugal no sector.

A implementação do projecto vai contar com a participação activa de estudantes, investigadores e professores da UMinho e da Academia da Força Aérea. O programa envolve tecnologia de propulsão híbrida em desenvolvimento na universidade e visa a construção de lançadores com características inovadoras ao nível da propulsão híbrida, de estruturas reutilizáveis leves low-cost e da navegação de trajectória precisa.

Os lançadores estão previstos evoluir de sistemas simples (estágio único) para sistemas supersónicos e, posteriormente, multi-estágio, em que parte do dispositivo é descartada no voo, permitindo uma curva de ascensão mais eficiente. Estes veículos espaciais são projectados para atingir altitudes mos limites da atmosfera terrestre, mas sem entrar em órbita em redor do planeta. Seguem uma trajectória balística, subindo até um ponto máximo, antes de retornar à Terra devido à gravidade.

O programa NORTH vai ainda apoiar a participação do Núcleo de Alunos de Engenharia Aeroespacial da UMinho na European Rocketry Challenge (EuRoC), uma competição de lançamento de foguetes que promove a inovação e o desenvolvimento de tecnologias aeroespaciais entre estudantes do ensino superior na Europa.

Fortalecer o conhecimento, as infraestruturas e a defesa

“Estamos entusiasmados pelas oportunidades que o NORTH trará à comunidade académica e à indústria aeroespacial em Portugal”, diz o coordenador da iniciativa e director do curso de Engenharia Aeroespacial, Gustavo Rodrigues Dias. “Este é igualmente um passo significativo para posicionar a UMinho como centro de excelência na área, quer em investigação aplicada e tecnologia de suporte com materiais avançados, sensores, sistemas de navegação ou componentes de lançadores, como pelo seu ecossistema de inovação que alinha stakeholders, estimula novas startups e projecta o país neste âmbito”, frisa. O NORTH é, aliás, um eixo dinamizador do futuro no Cerval, onde a associação local Aeroplanum pretende vir a acolher iniciativas académicas e tecnológicas, voos turísticos e um centro industrial do sector.

“Dotar a Força Aérea com capacidade de monitorização.”

Para o chefe do Estado-Maior da Força Aérea, general João Cartaxo Alves, o NORTH é mais um passo na conquista de novas capacidades e no compromisso com a investigação. A Força Aérea está em mudança, conforme o plano Transformação do Poder Aeroespacial Nacional 2024-2030. “O sucesso da segurança e defesa de Portugal só podem ser alcançados através da acção integrada de múltiplos domínios operacionais, dos quais se incluem o ciberespaço e o espaço”, refere. “Queremos empregar o poder aeroespacial para potenciar o cumprimento das missões atribuídas e dotar a Força Aérea com capacidade de monitorização que garanta o conhecimento situacional e o controlo da utilização do espaço nas áreas de interesse nacional”, realça.

Já o vice-presidente da Omnidea, Sérgio Oliveira, salienta a contribuição do NORTH para o fortalecimento da infraestrutura nacional de instalações de teste no sector espacial, criando um ambiente propício para experimentação e inovação. “Este reforço estrutural é essencial para impulsionar o desenvolvimento tecnológico, permitindo a validação de novos conceitos e o aprimoramento de soluções aeroespaciais”, frisa. Além disso, continua, uma rede robusta de testes e desenvolvimento fomenta a criação de valor, ao atrair investimento, capacitar profissionais altamente qualificados e estimular a competitividade da indústria portuguesa no cenário internacional. “Queremos estar perto e colaborar activamente em iniciativas como o NORTH, alinhadas com a nossa visão tecnológica e de desenvolvimento de talento”, remata.

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