A localização geográfica e a idade influenciam o contexto mutacional do cancro colorretal, um dos mais letais no mundo, conclui um estudo publicado na prestigiada revista ‘Nature’, com a co-autoria do português Rui M. Reis, do ICVS/Escola de Medicina da Universidade do Minho. Esta pesquisa pode contribuir para desenvolver estratégias médicas de prevenção e intervenção mais eficazes e personalizadas.
O artigo juntou 63 autores de 17 países, no âmbito do consórcio científico Mutographs. A equipa analisou o genoma completo de quase um milhar de pacientes de cinco continentes. Verificou-se variações nos processos mutacionais ligados à geografia e à idade, sugerindo que a exposição precoce a bactérias intestinais como a E. coli, que produzem a colibactina (toxina que causa danos no ADN), aumenta a possibilidade do cancro colorretal precoce. Os pacientes de Argentina, Brasil, Colômbia, Rússia e Tailândia apresentaram variações significativas.
“Os estudos de ponta na genética estão a transformar a prevenção oncológica.”
“A nossa descoberta destes factores de risco ambientais e microbianos da doença pode vir a ter um impacto significativo ao nível dos rastreios e das estratégias terapêuticas adaptadas às populações de regiões específicas”, explica o investigador Rui M. Reis. A longo prazo, permitirá reduzir a taxa de mortalidade e melhorar a qualidade de vida de milhões de pacientes. “Este trabalho sublinha ainda o papel vital da abordagem multinacional e multidisciplinar no combate ao cancro e, por outro lado, que os estudos de ponta na genética estão a transformar a prevenção oncológica”, acrescenta Rui M. Reis.
O cancro colorretal, ou cancro do cólon e reto, é o terceiro mais diagnosticado do mundo, com 1.9 milhões de casos por ano, sobretudo em maiores de 50 anos de idade, e com tendência a agravar. Em Portugal, é o cancro mais fatal, se considerarmos ambos os sexos, com 12 mortes por dia em média. Nos últimos anos, a sua incidência precoce dobrou em muitos países. No entanto, se este cancro for detectado cedo, existem boas hipóteses de cura e muitos especialistas recomendam o rastreio aos 45 anos.

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