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Guimarães
Sexta-feira, Abril 26, 2024
José Eduardo Guimarães
José Eduardo Guimarães
Da imprensa local (Notícias de Guimarães, Toural e Expresso do Ave), à regional (Correio do Minho), da desportiva (Off-Side, O Jogo) à nacional (Público, ANOP e Lusa), do jornal à agência, sempre com a mesma vontade de contar histórias, ouvir pessoas, escrever e fotografar, numa paixão infindável pelo jornalismo, de qualidade (que dá mais trabalho), eis o resultado de um percurso também como director mas sempre com o mesmo espírito de jornalista… 30 anos de jornalismo que falam por si!

A exaltação da pobreza!

A pobreza que nos afecta é moral e material, muito cultural, serve a agenda política, o exibicionismo de uma solidariedade doentia, de uma sociedade a perder valores, em que o “eu” é maior que o “nós”, em que as bases fundacionais da nossa educação e formação são postas em causa pelo questionamento que deles se faz por causa do género, da cor, da raça. É o igualitarismo que vai matar o mundo, destruir o homem, porque se confunde o bem com o mal, a virtude com o defeito, o branco com o preto, como se a sociedade fosse uma espécie de estrada, plana e sem curvas, qual paralelepípedo imutável e inquebrável.

No entanto, todos convivemos com esta pobreza abrangente, dia a dia, porque é uma moda, quiçá um ícone de uma sociedade à beira da catástrofe moral e a desejar viver num purismo artificial, sem qualquer fundamento cultural. Por vezes até se assume como um “escalpe” de uma conquista que mais não é do que uma pobreza preocupante.

Neste carnaval, qual babilónia pensante e de pensamento, todos exibimos pobreza como marca identitária ou algo que nos devesse orgulhar.

De facto, à pandemia não podem ser assacadas todas as culpas deste caos civil em que conscientemente vivemos, despedaçando valores, riqueza material que daria para qualquer português viver acima dos mínimos.

Nunca a cultura foi tão acessível e nos entrou portas adentro, pela via tecnológica, nunca as oportunidades de aprendizagem foram tão fáceis e nos chegaram por diversos meios; nunca houve tanta gente a frequentar a escola, tantos licenciados, oriundos das mais diversas camadas sociais, numa igualdade justa fruto da dinâmica social que fomos implementando.

Nunca a riqueza foi tão acessível, pela subida de um salário mínimo que foi crescendo, nunca o país viu tanto dinheiro entrar, pela solidariedade europeia, para ser tão bem gasto quanto desbaratado e desviado. As escolas melhoraram, os serviços de saúde chegaram a mais pessoas, as estradas foram rasgadas e cobertas de betuminoso, numa rede capaz de nos levar mais depressa até à Europa que aderimos mas que não copiamos totalmente. Ir do GuimarãeShopping até Madrid ou Paris, em auto-estrada, não é luxo para todos.

Porém, a esta riqueza material, de desenvolvimento, de aproximação a um novo e diferente mundo que é a Europa, para lá das nossas fronteiras, o certo é que a pobreza moral e material, tornou-se mesmo uma chaga social que exaltamos, comemoramos e convivemos como se de uma festa popular ou um encontro de família se tratasse.

A sociedade não está organizada para certas crises, os nossos dirigentes políticos refugiam-se em paliativos, sem ideias e cheios de medo de tomar decisões…

E a verdade vem-nos via pandemia: a sociedade não está organizada para certas crises, os nossos dirigentes políticos refugiam-se em paliativos, sem ideias e cheios de medo de tomar decisões – por causa do voto – que se exigem a um governante, seja ele de que partido for. Com coragem e com a razão da emergência.

Veio ao de cima, afinal, que 40 anos depois do 25 de Abril a sociedade com traços democráticos, ainda é uma obra inacabada, um quadro não totalmente pintado, onde se acentuam as desigualdades, onde a tolerância perdeu amarras para dar lugar a comportamentos desviantes, onde esquerda e direita se digladiam por exacerbarem o que de pior têm enquanto extremos.

Ainda bem que a intolerância religiosa já lá vai… senão ainda teríamos por aí cruzados a lutar contra infiéis, montados em cavalos como cavaleiros da paz.

De que a mensagem de Sérgio Godinho – 1974, “só há liberdade a sério quando houver/A paz, o pão/habitação/saúde, educação/Só há liberdade a sério quando houver/Liberdade de mudar e decidir/quando pertencer ao povo o que o povo produzir” é mesmo uma canção… E que obriga cidadãos honestos a estender a mão à procura de um apoio, numa sociedade que se diz rica e desenvolvida.

Sim, muito do confinamento não foi respeitado pelos cidadãos porque alguns vivem melhor cá fora do que no seu lar, sem condições, com frio, porque se faz habitação sem cuidados.

É este choque com a realidade que nos leva a exaltar a pobreza como uma bandeira e a evidenciar a nossa pequenez, num mundo desafinado, desigual, triste e que faz de nós uns tristes e pobres parentes de uma sociedade que devia nos proteger e não humilhar…uma sociedade que enfrentará…outros fracassos morais catastróficos, se não mudarmos de mentalidade!

© 2021 Guimarães, agora!


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