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Quinta-feira, Novembro 21, 2024
Vítor Oliveira
Vítor Oliveira
Tem 40 anos e atualmente é Chefe de Gabinete do Presidente da Câmara Municipal de Guimarães, depois de ter exercido funções de Adjunto entre 2013 e 2017. Licenciado em Comunicação e Pós-Graduado em Economia Social, foi seis anos Docente Assistente Convidado no Instituto Superior de Línguas e Administração (ISLA) e Diretor Executivo do CyberCentro de Guimarães durante onze anos. Entre 1996 e 2002, trabalhou como jornalista na Empresa Gráfica do Jornal “O Comércio de Guimarães” – GUIMAPRESS e no portal “Diário Digital”.

Vida para além da morte

O tema da morte sempre foi tabu. Aliás, a morte ainda continua a ser um tabu, porque não há uma educação para a morte. Quando surge essa “fantasmagórica” palavra, há uma tendência de fuga. E um desejo de mudar de assunto. Ou de ultrapassar de alguma forma a dificuldade, precisamente pela falta de educação nesta matéria. Não há uma aprendizagem, pois. Quando existe um falecimento numa família, escondemos isso das crianças, em vez de dizer que a pessoa morreu.

“Apesar de ser um fenómeno natural, o ser humano, por norma, argumenta que a pessoa “está numa estrelinha” – algo que os teóricos consideram “não ter lógica absolutamente nenhuma”

Apesar de ser um fenómeno natural, o ser humano, por norma, argumenta que a pessoa “está numa estrelinha” – algo que os teóricos consideram “não ter lógica absolutamente nenhuma”. Pela estruturação da personalidade, essa criança, ao atingir o estado adulto, irá continuar a rejeitar os problemas relacionados com a morte. O pároco vimaranense João Germano Queirós recorre a uma parábola muito interessante que ajuda a eufemizar o tema em momentos de luto, de dor e de vazio existencial. A alegoria transporta-nos para a imensidão do mar.

Quando observamos, da praia, um navio a afastar-se da costa, navegando mar adentro, impelido pela brisa matinal, estamos diante de uma beleza rara. O barco, impulsionado pela força das máquinas e dos ventos, vai seguindo o seu trajeto e, pouco a pouco, a nossa vista vai deixando de o ver. E, por mais algum tempo, apenas contemplamos um pequeno ponto branco na linha remota e indecisa, onde o mar e o céu se encontram. Quem observa o navio sumir na linha do horizonte, certamente exclamará: “Já se foi!”. Na verdade, apenas o perdemos de vista.

O barco continua do mesmo tamanho e com a mesma capacidade que tinha quando estava próximo de nós. O barco não desapareceu! Apenas não o podemos ver mais! Ele, porém, continua o mesmo. E, talvez no exato instante em que alguém diz “Já se foi!”, haverá outras vozes, mais além, a afirmar: “Lá vem o navio!”. Assim é a morte. Quando a embarcação parte, leva a preciosa carga de um amor que nos foi caro.

E o vemos sumir na linha que separa o visível do invisível, chegando a um destino, com as aquisições feitas durante a vida. Nada se perde, a não ser o corpo físico. A parábola que aqui se retrata serve, sobretudo, para suavizar a dor de quem perdeu alguém próximo neste ano de 2019. Que está agora a terminar! A vida é feita de partidas e de chegadas. De idas e vindas. É mesmo assim. É a vida! Que se renova todos os anos. Bem-vindo, 2020!

© 2020 Guimarães, agora!

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