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Sexta-feira, Abril 26, 2024

Cidade: Que grande Lata(da) estudantil!

Economia

O ritmo do coração da cidade acelerou com a comunidade universitária estudantil a gritar a plenos pulmões, cânticos ilustrados com português vernáculo.


A Latada já não é o que era e tornou-se sustentável e amiga do ambiente. Houve tempos que a Câmara destacava um exército de funcionários para levantar o lixo que restava do desfile: uma enorme quantidade de latas, de sumos e de cerveja, garrafas de plástico, e outros consumíveis nesta inusitada peça teatral dos universitários.

Hoje, cada curso faz o mínimo e recolhe o que resta, de desperdício, enchendo carrinhos de supermercado com o que cai do traje que veste cada estudante.

Uma nota positiva, a acrescentar a outras que ilustram o desfile do início do ano escolar, que a Cidade Berço acolhe, juntando estudantes dos mais de cinco dezenas de cursos da Universidade do Minho.

Outra nota positiva, é a participação de alunos com alguma deficiência, o que evidencia o carácter inclusivo da instituição, não deixando ninguém de fora deste festival que é uma espécie de momento da liberdade estudantil e da sua irreverência.

A Latada é a expressão individual – de cada curso – e uma montra global da comunidade académica – da Universidade do Minho.

Alguns alunos trajam-se para o desfile, e são as estrelas deste cortejo; outros acompanham à parte os seus colegas num prolongado sacrifício, apeado, por vezes “chicoteado” – dado que se podem ver alguns estudantes serem presenteados com exercícios físicos.

Neste cortejo, a irreverência estudantil mostra-se em toda a dimensão. Não apenas na vestimenta, como nas palavras dos cânticos que cada curso exibe, por onde passa, enchendo o Centro Histórico de barulhos diversos, de berros, e com o espalhar do ruído do rastejar de latas, atadas com cordas.

Esta apropriação da cidade pela comunidade estudantil é uma forma de evidenciar a característica de Guimarães cidade universitária. E um acto de convívio com a sua população.

Por vezes, o cortejo pára. E é então que cada curso tem o seu minuto de fama. Alguns escolhem a frontaria da Igreja da Oliveira para um retrato de grupo, outros fazem-no junto da muralha “Aqui Nasceu Portugal”.

Apesar do seu aparato e do condicionamento que causa no tráfego da cidade, já ninguém leva a mal tal desfilar de estudantes, engalanando-se pelo traje de caloiro, com um cordão de latas em volta do pescoço, “policiados” por doutores e doutoras, vestidos de capa preta que disciplinam e castigam os novos universitários.

Até o português – mais arcaico e o vernáculo – se ouve nos berros que as mulheres e os homens proferem, cumprindo o seu ritual, de assinalarem a sua passagem pelas ruas da cidade. E até na cerimónia, que ocorre no largo frontal do Município onde são obrigados a curvarem-se perante o Papa dos estudantes e do seu concílio, a comunidade estudantil respeita os cânones da tradição.

Vale, sempre, a pena compreender este desfile num contexto de animação da cidade – durante uma tarde – para descabelar o seu conservadorismo que exibe e preserva, tornando-se a cidade aberta e tolerante, que só a irreverência estudantil lhe pode dar forma.

📸 GA!

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