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Sexta-feira, Dezembro 6, 2024

A espada do “Corona” é mais pesada que a de Dâmocles

Economia

Texto de: José Eduardo Guimarães

Trabalhadores

  • Os trabalhadores da indústria, também, merecem um elogio, pela sua resistência e esforço. Com o seu trabalho não deixam fechar as fábricas, garantem a produção de bens essenciais e produtos para exportação. Resistem ao vírus com o seu suor e tentam esquecer quem têm em casa – filhos e pais – pedindo a Deus que nada lhes aconteça. Tudo porque na economia também se combatem outros vírus, é preciso manter as empresas e os produtos na rota das exportações, e importa manter o circuito de bens essenciais para dar resposta às necessidades de uma população que tem de comer e beber.

Preços

  • Há quem se aproveite intoleravelmente da crise vírica para subir os preços, um euro mais, aqui e outro ali, numa ganância que o Governo tem de combater, sobe pena de serem sempre os portugueses, a pagar a factura. O que se ouve, por aí, não pode ser tolerado.

Função Pública

  • Este país não pode ser desigual sempre. Os serviços da administração pública, têm de ter uma regra clara para todos. Uns não podem estar totalmente fechados, sem trabalhadores lá dentro; outro estão fechados mas funcionando internamente com uma redução de 50% do pessoal. Neste, “nem é carne, nem é peixe”, a função pública não pode ser discriminada entre si, nem com a restante classe trabalhadora do país, onde médicos, enfermeiros, empregados dos supermercados e bombas de gasolina, de algum comércio, ainda trabalham para que haja país e sinal de que há mais vida para além do vírus.

Políticos

  • Mesmo em tempos em que os cidadãos estão mais preocupados com a sua sobrevivência e bem-estar, há, no exercício dos cargos para que foram eleitos, não resistem à tentação de mostrar serviço, elevando o seu cantinho – rua, lugar ou freguesia – para um patamar de excepção e discriminação que afronta pessoas de outras ruas, lugares e freguesias. Os recursos públicos são para servir todos e não apenas um grupo que mais reclama, uma freguesia que tem mais aceitação junto do poder municipal. Em tempo de crise que nos afecta a todos, a nossa generosidade e solidariedade devia funcionar melhor para não se notarem como há diferenças de tratamento e de distribuição de recursos.
As mãos não devem ser veículo de propagação do vírus. © Designed by Freepik

Construção Civil

  • É um sector que não está a ser afectado pelo Corona. Por todo o lado, se vê homens a trabalhar, obras a crescer – públicas e privadas -, num dinamismo ímpar, e onde, aparentemente, não há riscos de contágio. É mais um sinal de vida e um sinal de que não podemos baixar os braços porque o vírus também se combate pelo trabalho – tal como os médicos fazem.

Cidadania

  • O comportamento dos portugueses não é resignado mas responsável perante a crise de saúde pública. Pese um outro cidadão que não sabe o que é não ter pressa nesta ocasião, respeitar quem está na fila do supermercado ou da farmácia, aguardando a sua vez, não provocar conversas entre grupos, respeitando o que são as regras mínimas de combate à propagação do vírus, a verdade é que na generalidade todos mostram ter uma postura de cidadania, nos parâmetros que são exigidos neste cenário de guerra química ou biológica.

Governo

  • As medidas tomadas para salvar a economia e manter a qualidade da saúde pública, são genericamente aceitáveis e consensuais. Agora, só falta saber quem é que vai lucrar com a crise – porque há sempre quem ganha. Esperemos para ver o que fazem os milhões que dizem que andam para aí a ser distribuídos, se são para ajudar as empresas ou para salvar bancos, para comprar material sanitário adequado e necessário e se o fornecedor desse material têm ou não ligações com o poder instalado. É que, olhando para trás, há sempre quem se coloque na linha da frente dos privilegiados.

Milhões

  • Não é pela falta de milhões que o vírus não é combatido: a União Europeia disponibiliza 25 mil milhões; o Banco Central Europeu lança um pacote de estímulos de 750 mil milhões para compra de dívida pública e privada (estará lá a dívida do Novo Banco?); a China doa 2 milhões de máscaras à UE; o Governo português adoptou medidas com impacto de 9200 milhões: 5200 milhões, com impacto fiscal, 3000 milhões em garantias e 1000 milhões nas contribuições para a segurança social; a Câmara Municipal de Guimarães reforça a Protecção Civil com 1 milhão, entre outras medidas sociais adoptadas. Resta aguardar como será repartido tanto milhão por países, por empresas, por concelhos e por freguesias.
A utilização de lenços descartáveis é fundamental. © Designed by Freepik

Hospital

  • Com tantos milhões a girar por este país e pela Europa, não se compreende como é que um hospital público, como é o da Senhora da Oliveira, ainda tenha de recorrer à ajuda solidária dos cidadãos vimaranenses para suprir carências básicas de material sanitário. Uma vergonha para o Estado português que deixa as estruturas básicas de socorro às populações, sem condições para prestar auxílio e cuidados. É o país que temos, e que estas crises acabam por pôr a descoberto.

Êxodo

  • Os europeus espalhados pelo mundo, estão de volta aos seus países, tal como alguns africanos que regressam ao Norte de África, a partir da França. Ou os ingleses que deixam o Algarve para voltar ao Reino Unido. Neste retorno forçado ao berço natal e nacional, há empresas de Guimarães que se preocupam em fazer regressar os seus trabalhadores: da Colômbia, vêm cidadãos que trabalham na empresa CJR, SA; do Níger, há um grupo que trabalha para a Camacho Engenharia; de Angola e Moçambique para a MCA Group, entre outras. O vírus Corona tem assim um impacto fulminante nas migrações de trabalhadores e turistas, com cada um a querer estar perto da sua família, deixando o trabalho lá longe, enquanto o vírus andar por aí.

© 2020 Guimarães, agora!

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