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Terça-feira, Abril 22, 2025

Ricardo Araújo: o político eficiente e o candidato que prioriza a Cultura

Economia

Ricardo Araújo encontrou na recente visita da Ministra Dalila Rodrigues a Guimarães, o mote para uma conferência de imprensa sobre Cultura, realizada na Casa da Memória.

E vestiu um manto de candidato a deputado à Assembleia da República que lhe serviu, em simultâneo, de candidato à Câmara Municipal.

Um dois em um em que, por um lado, considerou “imperiosa”, a necessidade de “Guimarães estar presente, e agir, junto dos centro de decisão”; e, por outro, quase definiu o seu programa eleitoral para o devir do Município cultural, servindo-se do “comigo na liderança da Câmara Municipal, a cultura e o associativismo terão a relevância estratégica que merecem”.

Nesta personagem – em que o candidato, nas próximas duas eleições, é comum – Ricardo Araújo, não esclareceu quando termina esta posição de ‘duplo’, o que vai levar a que se possa confundir quando está a falar como candidato à Assembleia da República e potencial candidato à Câmara Municipal.

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Relembrando que a titular da pasta da Cultura, veio a Guimarães para resolver “problemas prementes do património vimaranense” o, também, presidente da concelhia do PSD, identificou “a atribuição de verbas para a recuperação do telhado da Igreja de Santa Marinha da Costa (em situação de emergência), a atribuição de verbas para a recuperação do Padrão de São Lázaro e o apoio nacional ao Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG) enquanto entidade saída de Guimarães 2012 – Capital Europeia da Cultura, aliás tal como ocorrera com a Casa da Música (Porto – CEC 2001) e Centro Cultural de Belém (Lisboa – CEC 1994)”.

Ao jeito de quem responsabiliza a governante pelas suas promessas, o vereador da coligação Juntos por Guimarães na Câmara Municipal afirmou, lembrando o seu “humilde papel” no processo que “a Ministra da Cultura não se coibiu de afirmar, e reafirmar, que a sua sensibilização ocorrera pela persistência da minha intervenção que, como deputado, não descansei enquanto não a convenci da importância e urgência na resolução dos problemas daqueles equipamentos”.

Ricardo Araújo explica, assim, porque é necessário “estar presente e agir, junto dos centros de decisão”, elevando a sua “dinâmica política” que “produz resultados concretos” porque “a cultura é intrínseca a Guimarães”.

Vestindo-se como potencial ocupante do lugar de presidente da Câmara, salienta que “se queremos mudar o concelho temos de agir com vontade, crença na mudança e persistência”.

E justifica, logo a seguir, que “estar nos locais certos, procurar interagir com as pessoas certas, estar capacitado para mobilizar vontades decisórias, possuir sabedoria e firmeza para as convencer, é saber reconhecer os caminhos que nos levam aos resultados concretos, que são os resultados que Guimarães precisa”, uma forma de dar consistência ao exercício do seu papel de deputado.

E, como “nada acontece por acaso na política, e os resultados positivos não caem do céu”, Ricardo Araújo torna o seu trabalho no Parlamento como valioso. “São sempre fruto de acção, da estratégia, da leitura correcta do momento” – disse.

“Quem ignora essa realidade, corre o risco de andar em círculos, de falar muito e fazer pouco.”

Depois, lustra a sua “dinâmica na política”. “É por demais evidente” – reafirma, ao mesmo que a considera um trabalho exigente porque “lidamos com diversas forças em movimento – interesses, ideias, alianças, resistências”. E “quem ignora essa realidade, corre o risco de andar em círculos, de falar muito e fazer pouco”, um remoque com um destinatário claro.

Este savoir faire político produziu efeitos. E deu “resultados”, num período de “uns poucos meses de acção e dinâmica política resultante da actividade em Lisboa, em prol de Guimarães”.

“É o indiciador – diz Ricardo Araújode tudo o que Guimarães poderá vir a obter no futuro desde que haja uma atitude pró-activa e orientada para a resolução não só das necessidades da nossa terra mas, essencialmente, para a execução de estratégias que possibilitem a Guimarães destacar-se em todas as dimensões, de modo a produzir melhorias visíveis na qualidade de vida dos cidadãos”.

Fica a dúvida sobre quem o fará: se o deputado do PSD, pelo círculo de Braga; se o (potencial) presidente da Câmara no caso de o Governo de Luís Montenegro passar no teste das eleições de Maio.

Olha para o pasado para recordar que “é público e mais do que demonstrado que o concelho de Guimarães se consolidou através da intensa actividade dos seus cidadãos que sempre se associaram. Associar-se quer dizer perseguir fins comuns”.

Numa intervenção, escrita em cinco folhas A4, Ricardo Araújo destaca, por comparação, com o seu concorrente à Câmara, como “as associações foram, o grande alfobre da cidadania vimaranense”.

Deram “a Guimarães uma estruturação de exigência técnica e estética e construíram uma ética de formação cívica, cultural e democrática da comunidade”, recordando e citando Santos Simões que escreveu que a “dinâmica associativa livre e plural é a pedra angular da construção e do crescimento do regime democrático”.

“Também eu bebi dessa paixão, como muitos vimaranenses, entreguei-me durante muitos anos ao caldo de cultura associativa” – evocando o seu passado no CAR.

Lembrando mar das tormentas associativas por onde navegou o candidato a deputado e a autarca, evoca “o nosso caldo de cultura associativo”, como sendo “sempre de insatisfação, além de me sentir feliz com a vinda da Ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, a Guimarães para dar boas notícias”, esclarecendo que “a convidou para um almoço e reunião com vários artistas e dirigentes associativos”.

Para Ricardo Araújo “a cultura não é um luxo, é oxigénio”. © GA!

Afinal, o importante, era “destacar o enorme talento e trabalho cultural forjado em Guimarães, tanto artístico como associativo; proporcionar um espaço de reflexão sobre os desafios do presente e do futuro no domínio da cultura e das artes, em Guimarães e no país”.

No final, “percebi que tanto de um lado como do outro se estabeleceram conexões que, no futuro, poderão trazer grandes benefícios à prossecução dos objectivos culturais de Guimarães”.

E admite que, em breve, “poderemos voltar a pensar em Guimarães como um Hub cultural sustentável, cuja diversidade e riqueza articula património, criação artística, imaginação, promoção de indústrias culturais e inclusão social através da aproximação e interligação das áreas de ensino e cultura”.

Um sonho de querer “que Guimarães volte a ter à posição de destaque e distinção que granjeou enquanto Capital Europeia da Cultura, tanto a nível regional como a nível local”.

E que se consumará “através das associações culturais – da cultura popular à cultura erudita, da cultura mainstream à cultura underground – é possível construir um projecto colectivo que, alinhado com as urgências do presente, tenha a visão e a coragem necessárias para transformar o futuro”.

Em resumo, Ricardo Araújo crê que “a jornada com a presença da Ministra da Cultura demonstra que a nossa luta não é feita de discursos vazios. Ela é feita de acção, de estratégia, de compromisso com o povo, neste caso com as associações de vária índole cultural”.

Depois, veste-se de autarca e candidato. E carrega com força, no que já é habitual nos políticos vimaranenses: conjugar os verbos na primeira pessoa do singular em detrimento da primeira pessoa do plural…

“Será uma prioridade na construção do concelho de futuro que queremos para Guimarães.”

“Comigo na liderança da Câmara Municipal, a cultura e o associativismo terão a relevância estratégica que merecem, será uma prioridade na construção do concelho de futuro que queremos para Guimarães” – apontou como uma espécie de grande objectivo eleitoral.

Lembrando o estatuto de Guimarães e das suas conquistas no passado recente, Ricardo Araújo considera que “qualquer estratégia presente e futura para o desenvolvimento do concelho tem de considerar a dimensão cultural como um pilar obrigatório”.

Criticou o pós CEC 2012 que não deu seguimento “às legitimas expectativas e anseios de afirmação e crescimento artístico, cultural, associativo”. E o papel assumido pelo Município de não ter feito uma “aposta na afirmação cultural de uma cidade” que, era óbvio, “necessita de tempo e sustentabilidade”.

Ainda elogiou “a dinâmica cultural relevante de A Oficina e de diversos artistas e associações culturais nas áreas da música, do teatro, das artes plásticas, da etnografia e folclore”.

E definiu três desafios para que Guimarães se afirme como Cidade de Cultura: “valorizar um sistema misto, onde a dinâmica e oferta cultural de Guimarães resulta de um palco onde actuam entidades públicas (Município, A Oficina), associativas e privadas assegurando uma programação cultural diversificada; capacitar e promover as nossas associações culturais, fortalecendo as suas competências; criar um gabinete especializado de apoio às associações que ajude por exemplo em candidaturas, projectos e procura de novas fontes de financiamento (que já existe);

No que toca à criação, o segundo desafio, “temos de criar condições para que Guimarães se projecte como uma cidade criadora de cultura, atractiva para os artistas se instalarem, viverem e produzirem, apoiando os artistas locais; incentivar as indústrias criativas, dinamizar bolsas de apoio, residências artísticas, espaços de co-produção. E fixar os alunos de artes visuais e performativas da UMinho no final da licenciatura, para que aqui possam encontrar condições de se profissionalizarem e desenvolverem a sua actividade”.

Finamente, o terceiro desafio: “formar mais os públicos, a par de uma gestão eficiente dos equipamentos públicos e assegurar uma programação cultural diversa, multidisciplinar de qualidade”.

Terminou, sustentando que “a cultura não é um luxo, é oxigénio”; muito menos “é algo supérfluo ou dispendioso porque a falta de cultura custa muito mais”, para além de ser “um direito inalienável dos cidadãos”.

© 2025 Guimarães, agora!


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