Uma reunião com cerca de 75 presenças e um universo de eleitores de 67 militantes, a reunião da comissão política do PS realizou-se via zoom. Um facto estranho para alguns militantes que não compreendem como sendo a sessão da Assembleia Municipal presencial e com mais público, esta tenha sido assim.
CAPÍTULO II
Domingos Bragança uma lista que não saiu da cabeça…
Percebe-se que queira gerir a unidade do partido, com paninhos de água quente, numa altura em que o autocarro eleitoral já devia estar na estrada.
Porém, olvida que o PS já não é o PS, mas a soma de vários e diferentes PS’s, sem os valores socialistas de dirigentes do passado. E com as ambições dos protagonistas de agora declarados ou escondidos.
Adiou uma intervenção enérgica, alimentou o tabu de Luís Soares sobre a hipótese remota de um chumbo improvável à sua lista e bloqueou a máquina eleitoral socialista de que todos se queixam e a ninguém aproveita.
Se, ao jeito militar, tivesse usado a táctica de uma intervenção rápida – sobre o tão propalado chumbo da sua lista – teria evitado más decisões, indefinição nas suas hostes, alaridos, confusões. E até desmotivação entre os militantes.
Ele deveria saber melhor que ninguém que a sua liderança só supostamente é que era colocada em causa – e sempre como pretexto para favorecer pequenos e intrigantes interesses.
Lá atrás, quando começou o fogo, não chamou os bombeiros e se o fizesse teria aglutinado o seu exército e evitado mais uma cena dos próximos capítulos de que o PS é, hoje, a soma de muitas capelinhas, cada qual com o seu santinho.
Para quem tiver dúvidas… consulte a lista da Assembleia Municipal e veja se ela é representativa do concelho e das suas gentes.
Bragança ainda não percebeu que os partidos e as famílias precisam, por vezes, de um pai tirano. E agradecem ter um pai tirano. O curioso é que foi-o sempre na sombra e na penumbra com o seu silêncio e com o seu deixa andar, o que não é a mesma coisa. Vencer pelo cansaço e pelo desgaste não pode ser uma táctica permanente.
Não pode eximir-se das suas responsabilidades – óbvias – neste processo, não banindo ou contendo a ameaça que se veio a transformar num bluff; não deixando clara a sua vontade, alimentando a divisão da sua equipa.
Só se espera que à sua inacção não sobreponha agora uma acção intempestiva que altere as suas intenções, desfaça o equilíbrio da sua solução governativa e a estabilidade partidária já de si abalada por episódios sucessivos de golpismos, sempre com o mesmo actor, cedendo a interesses menores que não são, certamente, os interesses de Guimarães.
Não cuidar da sua comunicação – não é o mesmo que propaganda – perder capacidade de reacção em momentos mais infelizes do PS, ter a leitura exacta do que querem os vimaranenses e os militantes, faz parte do feeling político que não parece querer cultivar para evidenciar uma pretensa democraticidade na sua gestão, benevolente, como se as autarquias fossem regidas por um regime presidencial e não colegial.
Desperdiçou uma oportunidade mais para isolar Luís Soares, o máximo divisor comum do PS, sabendo que os votos na comissão política dos seus apoiantes e de Ricardo Costa davam para aprovar a lista; evitou empurrar o presidente da comissão política às cordas, desafiando-o a investir e a insistir com a hipótese de chumbar a lista – o móbil desta questão e da reunião – e a ficar com o onús de um chumbo sempre (mais) improvável.
Agora, só se espera que aos sucessivos adiamentos com que encara as questões não surja uma má decisão – com a qual julga resolver problemas… que crescerão naturalmente. E naturalmente ficará agora com o onús se optar por excluir quem quer que seja da sua vereação, algo que alguns militantes não perdoarão e a sociedade vimaranense aceitará.
Luís Soares
Criou mais uma cabala – a de que a lista da Câmara seria chumbada se não se vislumbrasse nos nomes e nas posições um sinal para o futuro. E construiu uma novela romântica identificando Ricardo Costa como o senhor que se segue. E como partner desta geringonça.
O líder da comissão política engendrou toda esta trama, como quem procura nova vida, juntando-se a Ricardo Costa oferecendo-lhe ouro, incenso e mirra.
E teve algum sucesso: assim fabricou uma lista para a Assembleia Municipal onde domina, pouco se importando com a sua representatividade territorial e social, destampando ali e cobrindo aqui.
No segundo capítulo, da saga “contra Ricardo Costa marchar, marchar…”, utilizou a táctica do arrependido misturada com a do bom malandro, uma mescla que distingue a sua identificação com os processos de Maquiavel.
Evitou dialogar com Bragança para tornar a coisa mais crível mas deixou que o gato escondido deixasse sempre a pontinha do rabo de fora.
Apesar de tudo, comprometeu quanto pôde Ricardo Costa nesta tramóia sem pernas para andar. Iludiu Domingos Bragança fazendo crer que afinal Ricardo Costa alinhava no seu plano, juntando mais de dois terços de militantes a favor de uma tese que não concretizou.
Como a verdade é como o azeite e vem sempre ao de cima, Domingos Bragança não foi apenas envolvido num manto de aclamação – dos conselheiros e de Luís Soares – como nunca pairou no ar, naquele noite de facas longas, a ideia de uma contestação em massa, à lista indicativa de vereadores que se apresentasse, ontem, vingaria.
Numa noite de bluff’s, também Luís Soares tinha direito ao seu. E com a inocência de muitos, impunha-se mais uma vez num partido que ameaça apoiar golpes e golpistas.
Sónia Fertuzinhos, a clarificação que veio de longe
A deputada do PS, na AR, fez uma intervenção que esclareceu o apoio do partido ao cabeça de lista da Câmara Municipal.
E beliscou o “presidencialismo municipal” na feitura da lista para a Câmara. Defendeu que os candidatos deveriam ser escolhidos por acordo entre o partido e o cabeça de lista, em percentagens que os estatutos definem mas que Raúl Rocha disse não ser assim.
Numa intervenção soft, Sónia deixou claro que a lista tinha de ser aprovada na comissão política, com um sinal de que tinha de deixar “sementes” para o futuro. Não foi clara se também defendia Ricardo Costa como número dois da lista, tal como Luís Soares adiantava.
No seu entender, o PS podia passar de “um partido líder de uma cidade para um partido inexistente”…
Pelo meio, deixou a defesa dos valores do PS como partido republicano e não monárquico, acabando a considerar Domingos Bragança um candidato incontestável e a ter poder para fazer a lista toda.
Manuel Mendes não gostou que os Presidentes de Junta em fim de mandato, sejam esquecidos ou colocados na prateleira
O Presidente da Junta de Fermentões aproveitou a boleia do seu colega de Urgezes, Miguel Oliveira, que também finda o mandato agora, e “disse o que me vai na alma”.
Uma reacção ao facto de ser preterido na lista da Assembleia Municipal. Não poupou Luís Soares que acusou, de caras, de “desunir o partido”, como “é apanágio desta comissão política”, que não tem respeito algum por quem tanto trabalhou para o partido. “Não se ganha eleições no sofá” – esclareceu o autarca de Fermentões, criticando os que “estão na política só para aparecem para as votações”.
Despediu-se “com mágoa” porque não é este “o caminho para se ganhar eleições em 2021 ou em 2025”, dizendo que o tempo que passou na política “foi de entrega total” e como os treinadores de futebol “entra-se bestial e sai-se como uma besta”.
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