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Sexta-feira, Outubro 11, 2024

PS: concelhia de Guimarães mais uma vez dividida com uma estranha fórmula de A≠B (B1+B2)

Economia

A concelhia de Guimarães vive mais um episódio de confronto eleitoral. Não é uma disputa normal e local. Este tem epicentro em Lisboa, Braga e Vizela.  

Os militantes vão votar – aqui e a nível nacional – para escolherem os órgãos que vão dirigir a Federação distrital de Braga.

Luís Soares – imitou Ricardo Costa na sua intenção de conquistar a concelhia para tentar ganhar a Câmara – e anunciou cedo a sua intenção de se candidatar a presidente dos socialistas do distrito. Mas com um objectivo global diferente.

Lá em baixo e ao longe, Pedro Nuno Santos como não sofre de amores por Luís Soares, optou por quem mais gosta: o actual presidente da Câmara de Vizela, Victor Hugo Salgado.

Se é normal que dirigentes e militantes digam que esta concorrência eleitoral é a democracia a funcionar, há poucos que reconhecem que, no caso de Guimarães, é a divisão a pairar e a prolongar-se no tempo, eleição após eleição… quando todos esperavam que as escolhas eleitorais resolvessem a cisão em que se meteu a secção depois de Ricardo Costa ter deixado a Câmara e antes ter anunciado desejar ser presidente da distrital.

Porém, o reino socialista de Guimarães está cheio de duques, condes, condessas, marquesas, viscondes e barões. Um reino antes republicano e que agora tem práticas assumidas de monarquia absoluta de uma minoria. Ou de uma Corte…

Ricardo Costa não aglutinou ao jeito republicano, com a sua candidatura a manta concelhia. Permitiu e desejou acentuar a aristocracia de base rural – onde se apoiou – muitos dos quais estão dispostos a mudar de vida trocando o seu habitual emprego por cargos políticos bem remunerados, em Santa Clara.

O PS virou – pese embora todos os enfeites de união e unidade com que se vista – uma organização em que as clivagens são evidentes e de que Ricardo Costa está longe – apesar de sucessivas vitórias – ser o líder respeitado que todos desejavam. E também o impulsionador de um novo devir.

© PUB

O poder na concelhia do PS – está oculto, escondido, mas com rabo de fora. E se o líder apela à unidade para dar um roupagem democrática à sua gestão, o facto é que os seus mais directos colaboradores não querem perder o poder ganho nesta dissenção socialista e acentuam o poder do grupo que se reúne ocasionalmente num qualquer bar, de uma garagem de serviço, em Braga, ou até às Sextas-feiras, à hora do almoço, como o epicentro do poder e de onde emergirão os futuros governantes de Guimarães.

O pior é que o posicionamento da secção vimaranense neste cenário de eleições não é consensual. Depende mais do interesse do líder ou dos pequenos líderes. O partido ao serviço de um e não de todos, emerge à tona da água política… as traições do passado, de cada protagonista que agora se posiciona na nomenclatura socialista. Há quem aponte o dedo e se lembre de “traições do passado para com o PS” de militantes, curiosamente, hoje, instalados no secretariado da secção.

E, por isso, não se reveja na candidatura oficial de apoio a Victor Hugo Salgado por estas e muitas outras razões. Se era natural haver uma secção com duas candidaturas… haver três e duas de apoio ao mesmo candidato, é sinal de que o PS Guimarães permanece dividido no seu âmago. Tal como nas suas práticas, muito diferentes de quem converge, aglutina e une. Não se pode esconder um PS alinhado com uma divisão interna como nunca se viu. Então não se diga que é a democracia a funcionar… mas sim a divisão a pairar!

O grande drama dos socialistas vimaranenses, hoje, é a influência divisionista dos que vieram de fora e alguns – até bastantes – são preponderantes na nomenclatura de Ricardo Costa.

O republicanismo do partido deu lugar a uma monarquia dos fracos e dos invejosos e dos individualistas. Veja-se que há mais líderes no PS do que era suposto: há o líder geral, o líder de facção (ausente), o líder B1, o líder B2 e líder A.

Todos estes putativos líderes se afirmam em pequenas coisas, fazem filmes valorizando papéis que são iguais em todo o país socialista. E apresentam-se como cabeças de lista sem evidenciarem os parceiros de lista. 

Ou seja, mesmo em pequenas eleições e escolhas internas, o militante B1 aparece a liderar uma lista, quase anónima e só pelo “diz que disse” se conhecem os restantes militantes que vão ser membros de uma assembleia distrital que há-de escolher os órgãos nesse nível. O líder B2 é igual, tal como o líder A num partido marcado por cargos mais monárquicos do que republicanos.

É neste crochét político que se tece o PS Guimarães cuja prática política se afasta do laicismo dos seus fundadores, do republicanismo dos seus dirigentes e acentua o ruralismo e o catolicismo da idade média.

De facto, esta estranha fórmula de A (Luís Soares) – é candidato a presidente da Federação – contra B – Victor Hugo Salgado é o seu opositor: em Guimarães o B assumiu as variantes diferentes com B1 (Flávio Freitas) mais B2 (Sérgio Castro Rocha) – apenas cabeças de duas listas de delegados – enreda os militantes socialistas numa dissenção que parece não ter fim…

Os militantes do PS vão votar, assim, num “Compromisso com o Distrito” (A) ou em “Braga, um distrito no seu lugar” (B) com as variantes (B1+B2), para a assembleia de delegados. A partir do início da tarde, na escola Francisco de Holanda, os militantes não se lembrarão em que projectos políticos votarão – cujas ideias e filosofias, a maioria desconhece – mas em caras de líderes naturais e líderes menores, diversos, como se fosse possível ao gato esconder-se sem deixar o rabo de fora…

© 2024 Guimarães, agora!


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