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Quinta-feira, Abril 25, 2024

Autárquicas 21: órgãos municipais instalados

Domingos Bragança quer Continuar Guimarães a escrever uma História feita Futuro.


O presidente da Câmara levou 24’ a ler o seu discurso de pouco mais de cinco páginas. E, do princípio ao fim, não teve nenhuma interrupção porque os aplausos ficaram todos guardados para o final. Um aplauso global e não específico para uma ou várias passagens do discurso.

O recém-eleito e agora empossado presidente da Câmara não acrescentou novidades no seu primeiro discurso.

Enfatizou as ideias e o pensamento expresso na campanha eleitoral, salientando uns mais do que outros, dos 30 compromissos que apresentou para “continuar Guimarães”.

Falando para uma plateia, maioritariamente composta por autarcas – e seus familiares – que tomaram posse para os órgãos do poder local vimaranense, com quem se misturaram dirigentes associativos, meia dúzia de empresários e outros convidados, Bragança elencou as três dimensões basilares da sua “proposta de futuro para o nosso território”: a educação, cultura e ciência, a coesão social e territorial e o desenvolvimento ambientalmente sustentável.

Este olhar para estas três diferentes áreas não mereceu a mesma atenção: a da educação, cultura e ciência é a que aparenta ser mais desenvolvida, ainda que sobre bases e fundações do passado e muito dependentes da Universidade do Minho, pois, o papel do Município parece confinado à criação de mais estruturas físicas, onde funcionarão cursos de engenharia ou de artes performativas e visuais.

Na área da coesão territorial, Bragança aposta e distingue a solidariedade – a quem muda o nome – e passa a chamar de “proximidade com afecto”

Aos projectos de índole social acrescenta os estruturais que já estão em curso como a rede de transporte público de passageiros, cuja concessão só em 2022 se tornará efectiva.

Dos projectos que dependem da acção do Governo, o presidente da Câmara destaca a ligação à estação de alta velocidade em Braga, com a intenção de aproximar “fisicamente” Guimarães da Europa, numa segunda ligação, pois, desde a cidade, na zona do Shopping, já há muito que é possível, chegar de Guimarães a Paris, e outras capitais europeias, por um percurso infindo e exclusivo de auto-estrada, sem desvios ou recurso a outras vias.

O sistema de mobilidade, apresentado um pouco antes do final do mandato anterior, assentará sobre as ideias e conceitos de Álvaro Costa, a quem foi dada a primazia de influenciar não apenas os concursos de definição do transporte público de passageiros como agora o que definirá a rede da mobilidade interna.

📸 Município de Guimarães

Finalmente, na terceira dimensão basilar, a do desenvolvimento ambientalmente sustentável Bragança dedica quatro parágrafos. E assenta toda a estratégia num “Ecossistema de governança Guimarães 2030”, dirigido a partir do Laboratório da Paisagem, que dinamiza as políticas de sustentabilidade ambiental e neutralidade carbónica que há-de, também, construir a nova candidatura a Capital Verde Europeia.

Repetem-se nesta área ambiental as ideias já concretizadas de criação de brigadas verdes, do programa Pegadas que leva às escolas a educação ambiental.

Há ainda referências a projectos que transitam e se tornam numa extensão do mandato anterior, nomeadamente na área pedonal e ciclável com as ligações pelas ecovias do Ave, do Selho e Vizela. Sempre com a ideia de “vivermos em harmonia com a natureza e apoiados numa forte consciência ecológica”.

Frases e palavras, conceitos e mitos de um discurso

O presidente da Câmara voltou a repetir a imensidão de chavões que foi construindo nos seus mandatos. “Com todos e para todos”, “uma história com futuro” ou “uma história feita futuro”.

E utilizou palavras a eles associados, como “conquistas”, Guimarães “onde é bom viver”, “empoderado”, de “que não há vimaranenses de primeira e vimaranenses de segunda”.

Acrescentou novas frases para indicar “os novos caminhos para o futuro” e a “proximidade com afecto”. Neste léxico que pretende marcar o fim de um ciclo político, sem o admitir.

Para além da “utopia e sonho” que diz existir no desenvolvimento ambientalmente sustentável, passa a identificar a política social do Município, como braço da solidariedade uma espécie de “proximidade com afecto” com a qual quer continuar o nosso “Bem Maior”.

Nestas frases que justificam compromissos, deixam no ar conceitos, alimentam-se de mitos e admitem prudência, também se pode ler o pensamento de Domingos Bragança, no que será o seu último mandato.

📸 Município de Guimarães

As frases que melhor registam o seu deslumbramento são as aqueles em que ele reclama para si os méritos da governação e o êxito eleitoral.

Numa relembra que “não há memória de maior investimento fora do centro da cidade, do que aquele que foi efectuado nestes últimos oito anos. Esta é uma boa marca dos meus mandatos a qual continuarei a densificar”.

Noutra, Bragança esconde que o seu ciclo político acabe, por força da lei, a menos que esteja a prever qualquer alteração legislativa que acabe com a limitação de mandatos. Ei-la, em toda a sua plenitude: “Quando chegarmos ao final do mandato que agora se inicia, não estaremos a falar do fim de um ciclo, mas antes a falar de uma cidade e de um território detentores de um conjunto de concretizações para que novos caminhos sejam trilhados”.

A crença e fé de que o mundo económico se move com recurso à valorização escolar dos jovens sem cuidar da sua adaptação ao mercado, justifica que “a aposta na educação, cultura e ciência será igualmente decisiva para uma economia cada vez mais forte e abrangente, capaz de possibilitar a integração dos jovens, aproveitando as suas diversas qualificações. Uma economia que incorpore as dimensões da criatividade, da ética, da ecologia, e da responsabilidade social”. Em Guimarães, pode nem ser esse o caso porque falta mão de obra que sirva a sociedade mais industrializada do que de serviços, com todas as empresas de todos os sectores a sentirem falta de recursos humanos para manterem uma laboração normal.

Numa linha discursiva, diferente, e mais abrangente, Bragança incluiu frases que “são novos os caminhos de futuro”. E não reflectem o passado, quase escondido, e pioneiro que marcam a necessidade de o Município ir mais além do que são as suas competências básicas.

Disse, duas vezes que “são novos os caminhos de futuro…

…quando apostamos na criação da Academia de Transformação Digital, a instalar na fábrica do Alto, em Pevidém. Uma infraestrutura que se dedicará à conversão ou reconversão de competências profissionais, adaptando-as às necessidades do tecido empresarial, para que este possa competir num mundo digital cada vez mais exigente”.

…(e) quando, em Guimarães, o curso de Engenharia Aeroespacial, a instalar na fábrica do Arquinho, na Caldeiroa, promete consolidar a sua Universidade do Minho enquanto instituição de ensino de referência internacional, dinamizando uma das zonas da cidade em franca e visível transformação”.

Numa outra leitura, Bragança deixa nas suas palavras, alguns conceitos aos quais é preciso estar atento para melhor entender a governação futura. 

📸 Município de Guimarães

Por exemplo, “o conceito de coesão social e territorial, tal como o entendo, não pretende esbater a essa pluralidade ou as diversas singularidades de cada uma das nossas freguesias. Pretende respeitá-la, tratando todos com a mesma dignidade e equidade”.

Na tentativa de dar novas roupagens a práticas antigas, Bragança diz que “vou chamar a esta solidariedade, proximidade com afecto. Não uma proximidade que se finge que se tem, mas que é realmente sentida. Uma proximidade que se mostrou decisiva durante os momentos mais difíceis que atravessamos recentemente, enquanto colectivo. Uma proximidade com sentimento que convirja para a “felicidade” de todos, que possa ser uma atitude comunitária numa escala mais alargada e percepcionada com o nosso modo identitário e de sentido de pertença de sermos Vimaranenses”.

Também, há mitos alimentados neste discurso político, que resultam dos compromissos eleitorais. Um deles é que podem nascer instituições mais por vontade do poder político, do que pela sua necessidade, viabilidade e força do movimento associativo. Bragança segue na multiplicação das instituições onde o PS detém influência. E lembra que “sem esquecer os contínuos apoios sociais para a população mais vulnerável, e os esforços que envidaremos para que em todas as freguesias uma IPSS possa prestar serviços de creche, apoio domiciliário, centro de convívio, centro de dia e lar, é na área da habitação que pretendemos escrever uma nova página”

Também, se lê no discurso do presidente que começa o terceiro mandato, algumas prudências que podem acalmar quem julga que o PDM é um documento qualquer e para servir interesses de circunstância. Ou visões de um urbanismo fácil e ao alcance de todos.

“O futuro na habitação passará também pelas alterações ao Plano Director Municipal que se mostrem necessárias para a criação de bolsas de construção de habitação em todas as vilas e freguesias” – disse-o mais convictamente.

Foi com os “são estes os novos caminhos de futuro que quero tornar possíveis”, e com uma governação “Com Todos e Para Todos”, que Bragança definiu como vai continuar o nosso “Bem Maior”, ou seja, Guimarães.

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