Numa entrevista à France Inter, a responsável do Banco Central Europeu (BCE) considerou a situação geo-política e económica actuais e a imposição de tarifas no comércio internacional entre os USA e a Europa, como “o início duma marcha para a independência da Europa”.
“Este é o momento de decidir-mos em conjunto, de tomar conta do nosso destino” – disse.
Reforçou que “estamos num momento existencial para a Europa”, apelando a que os países da EU-27 sejam capazes de “iniciarmos juntos esta marcha rumo à independência, tanto em termos de defesa, de independência energética como a nível financeiro e digital”.
“Devemos tomar as rédeas agora”, insistiu ao mesmo tempo que afirmava que “a inflação é um combate de todos os dias”. Christine Lagarde sustentou que a previsão de 2,3% para a Europa em 2025 tem de ser mantida, como “um imperativo absoluto para manter a estabilidade dos preços”.
Não afastou o desejo maior de chegar ao nível dos 2%, mas deixa claro que “não vale a pena acelerar e antecipar esse objectivo”, ou seja “nem galopar, nem andar a trote”, esperando para ver “quais serão os obstáculos que se apresentarão nesse caminho”.
Reconhece que, hoje, “estamos submetidos às incertezas” decorrentes das decisões de Donald Trump sobre tarifas aduaneiras, no início de uma guerra comercial que “levaria a um declínio do crescimento da zona euro de -0,3%”, e de “-0,5% se a Europa aplicasse uma política de reciprocidade”.
“Hoje, os europeus poupam consideravelmente mais do que os americanos.”
Disse ainda que “toda a guerra comercial cria perdedores. Ninguém ganha”, sublinha. Neste contexto, a presidente do BCE apela a questões sobre os investimentos das poupanças dos europeus. “Hoje, os europeus poupam consideravelmente mais do que os americanos”.
Defendeu que como “a maior parte destas poupanças vai para contas de depósito, que não rendem muito, e este dinheiro é largamente investido em títulos do Tesouro dos EUA, as nossas poupanças europeias financiam a economia americana”, afirma Christine Lagarde.
“Talvez precisemos de questionar o financiamento que é necessário aqui na Europa e a forma como o podemos organizar”. Quanto aos investimentos em políticas de rearmamento, indica que “a segurança nunca é um risco, é um imperativo”. “Os produtos de poupança devem ser concebidos” para “financiar as despesas com a defesa”, pede, apelando também à “simplificação” da circulação de dinheiro na Europa.
Foto © Christine Lagarde
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