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Quarta-feira, Abril 24, 2024

Coral infanto-juvenil é um caso de êxito

Economia

Jovens Cantores de Guimarães ganham reconhecimento

Tem o nome de “Jovens Cantores de Guimarães” (JCG) e identificam um coro infanto-juvenil, de jovens de ambos os sexos, com idades entre os 8 e os 18 anos. Começou em 2011 e revela já maturidade bastante para enquanto projecto de educação artística com extensão à comunidade, poder proporcionar aos jovens, não apenas uma vivência coral como meio de aprendizagem musical mas também servir um propósito de permitir a sua expressão e crescimento individual.

Objectivamente tem a criatividade, a excelência artística, a liderança e a amizade como modos de enriquecimento de cada coralista, da própria comunidade e do património musical. Paralela e pedagogicamente, o projecto artístico, cumpre a função de, através de práticas que aliam o canto, o movimento e a dramaturgia, de se constituir como uma via de acesso à música, através de um repertório ecléctico, centrado na música contemporânea para coro infantil, na música étnica e nos autores portugueses. É dirigido por Janete Ruiz, uma professora de música que abraçou o projecto pedagógico e musical com o qual o Conservatório de Música de Guimarães tem trabalhado.

Guimarães, agora! – Oito anos depois, o projecto JCG continua a a ser uma missão e um projecto que a apaixona…
Janete Ruiz –
Sem dúvida. Mesmo com as dificuldades que resultam da falta de um patrocinador permanente ou garantido, esta experiência profissional é-me muita grata e sinto que é muito enriquecedora para os meus alunos, com quem tenho vivido bons momentos, nos concertos e nos ensaios e nas viagens que fazemos.

GA! – O que sobra para já dessa experiência?
JR –
O melhor mesmo é a adesão do coro, o envolvimento dos alunos e das suas famílias, o entusiasmo que mostram em participar numa actividade extra-curricular e num projecto de educação música que tem uma componente artística.

GA! – A nível musical, a experiência também dá frutos…
JR –
Sobretudo com a participação em festivais internacionais, o contacto com gente importante da música, abre horizontes e experiências pessoais e artísticas muito enriqueceras aos nossos jovens. Por fim, as viagens e o conhecer novas realidades – não apenas coros, como locais, também deixa impressões e conhecimentos de outros países que não seriam possíveis de outro modo.

GA! – Este projecto continua a agradar-lhe, quase uma década depois de o ter criado?
JR –
Continuo com a mesma paixão e entusiasmo do primeiro dia, pesem os oitos de experiência que deixam sempre marcas. Continua a ser um projecto que me agrada não apenas por o criei mas também porque me leva tempo, muita energia e dedicação. Tenho a noção de foi um grande investimento da Sociedade Musical de Guimarães e do Conservatório que tem uma valia extraordinária.

GA! – A sua relação com os jovens moralistas…
JR –
É muito directa e eu continuo a dizer-lhes que ele são os meus melhores alunos…

GA! – Este é um projecto que podia ter outro andamento, naturalmente?
JR –
Sim, podia-se sempre fazer mais e melhor se os apoios fossem outros e tivessem origens diversas. Não há nada definido em termos institucionais e de forma regular: não temos mecenas, nem subsídios, as famílias suportam em parte os custos do mesmo. As nossas receitas provêm dos concertos que vamos fazendo, dos contributos peculiares de uma associação e ajudam à manutenção do projecto.

GA! – Por norma, para projectos desta natureza, há sempre um mecenas – entidade ou particular – que se interessam em colaborar…
JR –
Não sinto que tenha aparecido ainda. Amigo que possa haver nesta comunidade uma pessoa, uma empresa ou que quer que seja, que saindo da valia deste projecto possa interessar-se em colaborar durante uma temporada, duas, um concerto ou mais. Acreditemos que possa aparecer.

GA! – Ainda há pessoas generosas…
JR –
Acredito que sim e se isso vier a acontecer se também tivéssemos mais concertos a pagar, podíamos renovar o nosso uniforme, participar em mais concertos a nível internacional, ter mais opções de escolha de obras para o nosso repertório.

GA! – O coral é composto por…
JR –
…34 moralistas de ambos os sexos, por mim e por um pianista.

GA! – Poderia fazer, entretanto, uma avaliação técnica dos seus alunos?
JR –
Os JCG não sendo um coro de primeira linha dos que existem na Europa, classificados como infanto-juvenis , é já em termos nacionais um coro ao nível do bom e muito bom, apesar de ser uma realidade pouco desenvolvida em Portugal. Está a crescer e a dar passos seguros mas longe da realidade de países como a Suécia, a Estónia e a França. Ou até da nossa vizinha Espanha que tem muitos coros e onde há uma actividade mais consistente e uma maior diversidade de níveis.

GA! – Em Portugal, o canto é uma realidade em progressão?
JR –
Diria que a actividade coral é ainda rudimentar ao nível infanta-juvenil. Considero que os JCG se apresentarem com um nível medianamente bom. E claro, para mim, serão sempre os melhores cantores.

GA! – No capítulo de ambições e metas, os JCG também as têm?
JR –
Andam de mãos dadas, às vezes. Mas esperamos elevar o nível artístico e estar ao nível dos coros em que me inspiro e que admiro. E isso faz-se com mais trabalho, mais concertos, mais participação em espectáculos a nível nacional e internacional.

GA! – E onde espera melhorar?
JR –
Os JCG têm de crescer em massa. Por norma um coral infanta-juvenil vive muito do número dos seus membros. Ter entre 40 e 45 seria o ideal. Isso permite também ter uma qualidade sonora diferente. A nível de repertório temos referências que esperamos alcançar.

GA! – Recrutar jovens para o coral é tarefa fácil?
JR –
Temos feito um trabalho de recrutamento nas escolas, dentro da cidade por sermos um coral aberto à comunidade. Desejamos ter jovens com ou sem experiência musical e às vezes é bom deixar que os jovens desenvolvam as suas competências participando no próprio coro, porque aprendem melhor. Basta só que gostem de cantar. Sinto que também podíamos evoluir em termos de recrutamento para ter o número ideal de jovens.

GA! – Mas é preciso fazer mais pelo recrutamento?
JR –
Não tenho dúvidas de que o coro tem visibilidade na cidade, somos participantes em diversas actividades, divulgamos tudo o que fazemos só não sei se há algum preconceito a nível da comunidade que iniba os jovens de poder cantar.

GA! – Guimarães faz parte de uma comunidade intermunicipal de oito concelhos. Não podia aí fazer recrutamento ou actuações, por exemplo, acentuando também coesão da região onde é parte?
JR –
Admito que sim, as inscrições para audições são abertas, cantamos pelo país fora e não estamos circunscritos a Guimarães, Essa pode ser uma alternativa para mais actuações e concertos.

GA! – A média de concertos anuais situa-se nos…
JR –
…em cerca de 14 a 18 por ano, dentro e fora da cidade.

GA! – Em que contexto o coral JCG desenvolve a sua actividade?
JR –
Há oito anos veio para ocupar um espaço que não existia. Não havia nem tradição nem exemplo de coros infantis organizados. Surgiu, pois, para ocupar um lugar que não existia na zona Guimarães/Braga e apenas na zona de Esposende e Porto. A ideia de criar um coro fora da escola, com uma identidade artística bem definida, com capacidade de mobilização e implantação foi o nosso propósito e foi esse o pressuposto da institucionalização do coro que neste oito anos ocupou o seu lugar em Guimarães e no País. Um coro que já é reconhecido e tem sido chamado a participar em actividades com visibilidade e repercussão nacional que é fruto do nosso trabalho.

© 2019 Guimarães, agora!

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