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Quinta-feira, Dezembro 12, 2024

Marta Mestre: Programa que permite “antever os próximos 10 anos”

Economia

Na inauguração do novo programa do Centro Internacional das Artes José de Guimarães, a 8 de Outubro, falámos com Marta Mestre enquanto directora artística e curadora de várias das exposições a inaugurar neste dia.


Como é que descreveria esta década do CIAJG dentro do que foi acompanhando, em particular nos últimos dois anos como diretora artística?

Eu estou aqui há dois anos e foram tempos difíceis, também porque saímos da pandemia mas, ao mesmo tempo, o CIAJG é um espaço que permite articular pensamento, encontro de artistas, comunidade artística e acho que é isso que se viveu hoje, aqui neste dia, trazendo, também, esta componente da música e dos concertos. As exposições, elas trazem uma nova leitura da coleção do José de Guimarães e eu acho que é um grande motivo de orgulho podermos celebrá-la nestes 10 anos com este programa tão intenso que nos permite também antever os próximos 10 anos.

O que é que o CIAJG traz de novo ao público e aos artistas?

O museu é sempre um lugar de permanência, então, em primeiro lugar traz um incentivo à cultura, um apoio à cultura e a possibilidade de vários artistas nacionais e internacionais mostrarem aqui o seu trabalho. Não se trata apenas de novidades, eu acho que se trata de um trabalho feito nessa longa duração e é isso que caracteriza o museu. Eu acho que a novidade deste ciclo é a possibilidade de experenciarmos o museu de outra maneira, os concertos vão acontecem nas reservas e isso também traz um outro olhar sobre este espaço, este edifício que está no coração da cidade. 

Descreveu este evento como “um gesto que inverte papéis, que desestabiliza para gerar outras relações de espaço, tempo e corpos”, pode explicar um pouco melhor este conceito?

Quando nós pensamos em trazer todo o acervo claro que isso é um gesto que, só por si, tem uma grande envergadura. Aquilo que anteriormente viamos com determinado significado passa a ter um outro, porque as peças são movimentadas no espaço, elas vão ocupar um novo pedestal, uma nova vitrine, uma nova parede. E aí o gesto mais importante é mostrar toda a coleção, é fazer um pouco tabula rasa mas a partir da própria colecção e que ela se pode mostrar de uma maneira renovada e fresca.

📸 Filipa Ribeiro

“A licenciatura de artes visuais, aqui em Guimarães, também é um parceiro fundamental”.

A Marta já demonstrou algumas intenções em inovar com as exposições temporárias. Como é que isso pode ser feito? Há perspectivas para mudanças na programação de artistas?

Não, seguiremos o caminho que estamos a seguir no sentido de mostrar artistas consolidados no plano nacional e internacional. A nossa perspectiva é que possamos atrair cada vez mais público a partir de um programa intenso, de um programa que é, também, cuidado do ponto de vista do pensamento e ao longo do ano termos sempre vários momentos de outras programações que estão a acontecer. Não se trata somente de fazer exposições, um museu é mais do que isso, é também toda uma componente educativa e de mediação com as escolas, com as universidades. Aliás, a licenciatura de artes visuais, aqui em Guimarães, também é um parceiro fundamental neste mesmo caminho que estamos a fazer e eu penso que é um pouco sobre essa relação.

Tem planos para reforçar a internacionalização e a relevância do CIAJG no mundo da arte a nível mundial?

Para isso é necessário um outro tipo de amparo financeiro para o museu e esse é ainda um desígnio a cumprir para o CIAJG e essa possibilidade de levá-lo a espalhar um pouco essa missão no âmbito das exposições, sermos parceiros de outros museus, julgo que isso é um caminho que gostaríamos de percorrer. 

📸 Filipa Ribeiro

A colecção 1128 objectos tem sido um dos principais pontos de atracção do acervo do CIAJG e é agora revelada ao público na sua totalidade pela primeira vez. O que é que levou a esta decisão?

A decisão teve a ver com esse assinalar desses 10 anos, não queríamos fazer uma exposição a partir do que já estava, queríamos inovar e, por isso, esta participação de tantas equipas para esta montagem. É esse o nosso caminho.

Quais são as perspectivas futuras para o CIAJG?

O CIAJG é um museu de Guimarães mas com uma escala evidentemente mais ampla, o seu alcance é um alcance territorial, é um alcance nacional e, quiçá, também internacional. O futuro é continuarmos a fazer o trabalho que estamos a fazer.

📸 Filipa Ribeiro

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