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Quinta-feira, Dezembro 5, 2024

Ensino profissional: uma escolha de qualidade

O Agrupamento de Escolas Francisco de Holanda (AEFH) organiza umas jornadas pelo fortalecimento do ensino profissional enquanto área vocacional que pode ajudar no projecto de vida de muitos jovens.


Durante dois dias, a partir de amanhã, o ensino profissional será discutido e analisado desde as suas origens à sua dimensão europeia, na sua relação com as empresas e como via de acesso ao ensino superior.

Gonçalo Xufre da Silva, conselheiro português na OCDE, e Joaquim Azevedo, professor e ex-Secretário de Estado que deu um impulso forte aos cursos profissionais nas escolas, são nomes sonantes entre os palestrantes convidados. 

Alguns empresários também foram convidados para darem o testemunho do que tem sido a relação escola-empresas, tais como Isidro Lobo, da JJ Jordão e Fortunato Frederico do grupo Kyaia.

As jornadas que decorrem no Centro Cultural Vila Flor, Terça e Quarta-feira (19 e 20 de Abril), terão oficinas interactivas, destinadas a promover o ensino profissional junto de estudantes do ensino básico.

Rosalina Pinheiro, justifica que a realização destas jornadas, por diversas razões, já há muito se fazia premente. E são ferramenta importante “na dinâmica que procuramos empreender na prática diária de uma escola atenta ao mundo que a rodeia, por forma a preparar os alunos para os caminhos que possam percorrer”.

Os objectivos das jornadas são claros: “os de fazer com que os nossos alunos que frequentam o ensino profissional percebam a sua importância, na sua vida futura, como projecto de vida; e que os alunos do ensino básico têm de fazer as suas opções em termos de orientação vocacional, incluindo o ensino profissional como uma via de futuro”.

A presidente do AEFH admite que os alunos já inscritos no ensino profissional tenham feito essa opção de uma forma “inconsciente” porque muitos jovens “vão para os cursos profissionais mais como uma obrigação de estudar e o ensino profissional é a via mais fácil”.

“Na verdade a opção pelo ensino profissional é uma escolha de primeiríssima qualidade”.

Justifica que “alguns não querem, por isso grande coisa” da sua passagem pela escola. “Há uma ideia entre os jovens de que os cursos profissionais são coisa pequena, quando na verdade a opção pelo ensino profissional é uma escolha de primeiríssima qualidade”.

O programa das jornadas, pretende, também, dar aos alunos já inscritos e a outros que vão fazer a sua escolha vocacional, um certo empoderamento mostrando, pelos testemunhos de especialistas, cujos conhecimentos teóricos, técnicos e científicos são evidentes como a sociedade portuguesa precisa “de técnicos de nível 4” que é o que estes cursos dão.

Joaquim Azevedo cuja influência na introdução dos cursos profissionais nas escolas é enorme, ao tempo como Secretário de Estado, vem demonstrar que apesar de pouco populares entre os estudantes, os cursos profissionais são essenciais à economia portuguesa, oferecem futuro e não são uma escolha menor.

“Ser serralheiro ou soldador ou outro técnico qualquer que se forme no ensino profissional é uma opção válida enquanto área vocacional” – defende Rosalina Pinheiro.

📸 GA!

A professora e directora das escolas do agrupamento Francisco de Holanda, admite que “em parte, a opção pelo ensino profissional é um regresso ao passado (da escola) mas essencialmente uma preparação para o futuro”.

Reconhece que “se não tivermos memória do passado não construímos o futuro”, não perde de vista os cursos técnicos que “fazem parte do ADN da escola Francisco de Holanda” e que no passado foram alicerce de empresas e da sociedade vimaranense, e que contribuíram para Guimarães acentuar o seu pendor industrial. Na altura, a escola era a rectaguarda formativa das empresas vimaranenses cujos cursos se adequavam perfeitamente às necessidades do mundo empresarial.

“Se quisermos fazer do ensino profissional um trabalho bem feito, não é só com PowerPoint ou computadores, queremos que os alunos metam as mãos na massa, sujem as mãos. E nós temos oficinas que permitem que os alunos sujem as mãos, e nem todas as escolas tem isso, porque não tem o passado que nós tivemos” – sublinha. 

Os laboratórios de serralharia, as oficinas de soldadura, electricidade, electrónica, trabalhos manuais ainda sobrevivem na escola e estão aptas a receber novos alunos que se queiram especializar num ensino mais técnico e que o mercado de trabalho reclama.

“É um regresso ao passado mas com olhos no futuro, nunca deixamos este nosso perfil, sempre tivemos tendência para ter cursos de áreas técnicas, da electrónica, mesmo quando se lhe chamaram cursos tecnológicos, alguns incluídos no ensino nocturno, na área do comércio” – sustenta Rosalina Pinheiro.

Interrogada sobre a realização destas jornadas agora, esclarece que “nos últimos dois anos houve um retrocesso na área vocacional dos alunos para quem o ensino profissional passava ao lado”

Não que o número de alunos matriculados tivesse diminuído – “nós mantivemos mais ou menos o número de alunos”, só que a consciência de quem vai para o ensino profissional não era a mesma ou por “desconhecimento” ou pelo que os jovens pretendem ser ou as suas famílias tinham poucas expectativas em termos de emprego. 

“Há cursos superiores com dificuldade de ter implementação no mercado de trabalho”.

Rosalina Pinheiro reconhece que “às vezes os alunos tiram cursos superiores que não lhes dão grandes competências nem os fazem muito felizes. Há cursos superiores com dificuldade de ter implementação no mercado de trabalho”.

A preocupação de agitar as ondas do ensino profissional, na altura em que os jovens decidem sobre a orientação da sua área vocacional, não é apenas uma preocupação da Escola Francisco de Holanda.

“Temos obrigação de participar na orientação vocacional dos jovens e as jornadas pretendem ser uma actividade diferenciadora e motivadora da nossa oferta, para que a maioria dos jovens não fiquem à parte, deste ensino que é digno e especializado e tem futuro” – defende.

Admite que as outras escolas possam fazer o mesmo, mas “as jornadas, por serem uma novidade podem ser mais atractivas e despertem interesse nos jovens”.

Crente de que o programa das jornadas tem atractivos de sobra para suscitar o interesse dos alunos, Rosalina Pinheiro justifica que “a perspectiva europeia que o professor Gonçalo Xufre da Silva, conselheiro português na OCDE, evidenciará que o ensino profissional é, também, uma preocupação da União Europeia no seu todo e não apenas em Portugal e que a uniformização da formação técnica preocupa a Europa e passará a valer tanto no país como em França, Espanha ou na Alemanha”.

Defende que o ensino profissional deve receber inputs das empresas às quais as escolas devem prestar atenção. E que as escolas devem ter mais actividades na promoção e divulgação dos cursos profissionais junto dos alunos do ensino básico.

O AEFH vai apostar na relação com as empresas, na vinda dos empresários e seus técnicos às escolas, como na visita de alunos às instalações industriais.

E sustenta que “a experiência recente da escola, neste segmento de ensino, com as unidades empresariais tem sido altamente positiva”.

Dá como exemplo, a disciplina de Mecatrónica que tem uma taxa altíssima de empregabilidade, tal como outras disciplinas com taxas acima da média nacional.

📸 GA!

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