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Sábado, Dezembro 7, 2024

Eco Parlamento: deixem os jovens sonhar… e criar!

Economia

É um exercício livre, didáctico quanto baste; uma assembleia quase parlamentar, sem amarras, aberto, democrático, composto de jovens de ambos os sexos. Muito mais se poderia dizer sobre este Eco Parlamento onde há espaço para a liberdade de imaginação, um perspectivar do mundo do ponto de vista dos nossos jovens, e para a alegria de participar.

Curiosamente, os deputados (alunos) deste quase parlamento (no cenário), deram uma boa imagem de si no que se refere a algumas disciplinas: pesquisaram os temas que trataram – não falaram à toa embora possam ter sonhado na matéria que defenderam – tiveram um olhar crítico – e independente – sobre o território e sobre o que os seus olhos viram.

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Sobretudo aproveitaram esta jornada parlamentar para representar, falar em público, treinar a leitura e a dicção. E confrontaram-se com questões de alunos das escolas concorrentes, num interrogatório fácil.

Do ponto de vista desta experiência – ler, contestar, estar e falar com uma audiência – e um júri – pela frente, estes jovens parlamentares fizeram um exercício positivo.

Naquilo que defenderam mostraram alma, ciência porque não debitaram palavras, não usaram a mentira, falaram com liberdade, não se condicionando a qualquer outro interesse. Justificaram sempre as suas opções, opiniões ou comentários.

Também mostraram ter saído da escola em busca de informação para as suas intervenções, sempre em grupo, defendidas com o uso de ferramentas, recursos em que as tecnologias como o vídeo e equipamentos de apresentação, slides, ou powerpoint foram usados; contactaram com a natureza, viram com os seus olhos o que queriam falar ou dissertar. Viajaram pela natureza, paisagem (montes ou vales) e rios, documentando a sua memória para o trabalho que desejaram fazer.

Os jovens, homens e mulheres, viveram um momento bastante pedagógico, relacionando-se com os “seus adversários políticos”, mostraram ter assimilado conceitos actuais e revelaram conhecer a realidade sobre o momento sustentável, sobre o ambiente e alguns temas ligados à sua política pública que resolveram adoptar na sua acção.

A sua pesquisa obrigou-os a contactos com instituições, colectividades e respectivos dirigentes, fizeram inquéritos, tiraram conclusões. Não faltou o contacto com as populações, a quem chegaram a oferecer a sementeira…

Não faltaram histórias curiosas como a da vivência com comunidades imigrantes que vivem em Guimarães. O exemplo da escola Fernando Távora, com alunos de 17 nacionalidades, abraçaram a diversidade, e deram um exemplo de que a humanidade não escolhe cor ou língua. De facto ‘Juntos somos mais fortes’, iguais e todos podemos abrigar-nos no mesmo guarda-chuva.

Guimarães bem pode orgulhar-se deste exemplo, de um concelho inclusivo, e abrangente, através da educação.

Outro olhar crítico sobre a sociedade foi evidenciado pelos alunos da escola de Caldas das Taipas que criticaram o comportamento dos seus país quando levam os filhos à escola e deixam o carro ao Deus dará, em cima de passeios, passadeiras, numa anarquia total, mostrada em vídeo e fotografia.

Os alunos da escola das Taipas revelaram uma coragem enorme ao visar e identificar o caos à entrada do estabelecimento escolar que devia fazer os pais pensarem sobre o seu comportamento.

A natureza (São Torcato), os números (Pevidém) foram outros temas escolhidos para alertarem para uma outra visão sobre a terra que deve fazer reflectir todos os cidadãos.

Mas há mais “boas novas” deste Eco Parlamento, como aquele mostrado pelos alunos da escola Virgínia Moura, de Moreira de Cónegos.

A consciência crítica, a falta de ego, mostra alunos crescidos que observam a sociedade em que vivemos, não como meros espectadores como se um espectáculo cultural qualquer estivessem a ver.

O inusitado uso e abuso de telemóveis, nos intervalos das aulas, é uma auto-crítica bem feita sobre a ocupação dos tempos livres em horário escolar e um vício inveterado de “buscar” no telemóvel sobre coisa nenhuma… quando um bom diálogo com os colegas de turma poderia estimular uma vivência para além da internet.

A diversidade dos temas, dá-nos a ideia de que mesmo com a ajuda dos professores, como não podia deixar de ser, a escola pode inverter o curso da sociedade. Mas não pode o reduto escolar ficar fechado em si mesmo e não entrar na guerra por uma sociedade melhor, mais instruída, educada, formada, humana, diversa que combata o sectarismo.

Não sendo propriedade de ninguém, a escola deve ‘sair da sua concha’ e interagir ainda mais com a sociedade, com os resultados que as sessões do Eco Parlamento revelam.

Falta publicidade a estas boas iniciativas que não podem ser apenas um dever de entidades envolvidas na sua promoção, o mero cumprimento de um item do seu plano de actividades.

De facto, este sentir da aragem que tem epicentro nas escolas é refrescante porque é sinal que os alunos querem mais, podem dar mais, se sairem da caixa e deixarem ‘saltar a tampa’ da sua irreverência que é arrasadora para quem se julga condutor de um estilo de sociedade… que deve estar mais perto da escola.

O Eco Parlamento não foi uma competição entre escolas, foi um olhar – de olhos bem abertos – de uma escola que a sociedade não compreende nem escuta e com a qual poderia aprender e até estimular.

Há ali, um barómetro do talento juvenil que é preciso seguir, de uma escola que não divide mas promove, uma alma do sentir vimaranense livre, com consciência e essência… de saber, solidariedade, inclusão, cultura e humanidade.

Quem ganhou e quem decidiu que a escola A ganhasse e escola C ficasse noutro lugar da classificação, foi um júri de mulheres – um bom sinal porque as mães estão sempre mais perto dos seus filhos -; uma professora que dirige a UNU-EGOV, universidade das Nações Unidas e palco de diversidade; uma engenheira da Câmara Municipal que cuida do ambiente em Guimarães que procura ter um território sustentável, limpo; uma técnica da Vimágua que olha pela qualidade da água que se consome nas nossas casas; uma investigadora do Laboratório da Paisagem; e uma engenheira que dirige a empresa de recolha de resíduos na região.

Um júri completamente feminino avaliou o trabalho dos alunos. © GA!

“Senti uma evolução entre sessões dos concorrentes, a mostrar coisas diferentes, a cuidarem das suas apresentações, documentando melhor as suas teses” – salienta Delfina Soares (UNU-EGOV). Percebeu que “os alunos não tinham a noção do que estão a fazer para o mundo e para eles próprios”, sublinhou em jeito de elogio (merecido).

Dalila Sepúlveda, chefe da Divisão do Ambiente da Câmara, agradeceu aos alunos, o que fizeram, salientando que “só com o envolvimento da comunidade, da família, se pode fazer melhor”. Enquadrou as intervenções num plano em que “cada vez mais as escolas estão viradas para fora”, defendendo uma maior articulação entre instituições para que “o conhecimento” se espalhe. Elogiou os projectos, pelo seu realismo: “são tangíveis, de integração e podem ser implementados”, um verdadeiro atestado de qualidade aos trabalhos dos alunos.

Sofia Bragança, também agradeceu à comunidade escolar “o impressionante envolvimento de todos, que vai além dos professores, mostrando como somos capazes de fazer passar uma mensagem para a sociedade… cada gotinha encherá o oceano e mudará as mentalidades, ao fazer do mundo a nossa casa”

Carolina Rodrigues, coordenadora de investigação, no Laboratório da Paisagem destacou que “os alunos materializaram em tão pouco tempo, a visão de uma cidade, da escola”… Afirmou que “o mundo feito pelas escolas, desenhado por crianças seria muito melhor, com mais natureza e mais tempo para brincar”. Sublinhou a importância do envolvimento dos professores, a auto-estima dos alunos que acreditam poder mudar o mundo…

Margarida Ramos (Resinorte) destacou o “empenho e o trabalho dos alunos”, acreditando que “as mudanças começam nas nossas comunidades e podem chegar longe”.

As escolas apresentaram neste concurso os seguintes trabalhos e temas: Abação evidenciou o projecto ‘Água Limpa Vida Plena – Estratégias para combater a poluição por plásticos nos ecossistemas aquáticos’; o Colégio do Ave defendeu a proposta ‘Horta Comunitária’; a Fernando Távora sugeriu o projecto de inclusão ‘Inclui-te – Incluímos-te’ enquanto Pevidém quer combater a utilização dos plásticos, através de sacos produzidos com têxteis – ‘(mal) Trapilho, (bom) Trapilho’ era o seu nome; a Abel Salazar optou por falar de ‘Eco Activistas’; já a das Taipas apostou na realização de uma ‘Assembleia em Mobilidade’. Vale de São Torcato propôs a ‘Reflorestação da Pedra Fina! Futuro mais verde’ e, por fim, Virgínia Moura apresentou e defendeu o projecto ‘A Pedalar sonhamos energizar’.

Recorde-se que o Eco Parlamento é uma actividade âncora do programa de educação ambiental PEGADAS – promovido pelo Município de Guimarães, com coordenação do Laboratório da Paisagem -, desafia os grupos parlamentares, constituídos por alunos dos vários ciclos de ensino básico (1º, 2º e 3º ciclos), a apresentaram os seus desafios e soluções ambientais, de forma a dar resposta aos Objectivos do Desenvolvimento Sustentável, promovendo também o debate e a defesa das propostas apresentadas. Adelina Pinto, vereadora da Educação considera-o “um projecto de cidadania e democrático”.

© 2024 Guimarães, agora!


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